¡Me pueden sacar de ministro! (Microcuento en español y portugués)
Habían pasado dos horas, desde que mi “tia” Clara, había estacionado su volkswagem en la puerta de entrada del Ministerio de Vivienda en pleno Centro de Lima.
Estábamos sentadas en el interior del carro, mi tía Clara, mi mamá y yo, esperando por nueve días consecutivos, la llegada del ministro.
Después que mi mamá dejó de trabajar, usando su gratificación y los ahorros conyugales, ella y mi papá, habían dado una inicial a una constructora para comprar una casa en una urbanización nueva, cerca de nuestra casa alquilada.
No es necesario decir todo el esfuerzo y el trabajo que, mis papás y otras familias, como la de mi tía Clara, habían tenido que hacer para poder realizar el sueño de tener su “casa propia”.
Solo que… cuando existen necesidades e ilusiones, existen también algunos estafadores intentando sacar provecho de la situación… y esta constructora era la concretización de esta penosa acción.
El dueño de la constructora era un ingeniero, con “cara” de honesto que, aprovechando el momento, les había vendido las veintidós casas construidas a 44 familias.
Cuando mi mamá comenzó a reclamar sus derechos, él se preocupó con la fuerza y el liderazgo de esta señora y llamándolos, a ella y a mi papá a su oficina, les propuso darles una casa más grande en un barrio mejor, con la condición de que dejaran de molestar.
Mis papás no aceptaron la propuesta inmoral del tal ingeniero y denunciar esta irregularidad al Ministro de Vivienda era el objetivo de estas esperas incesantes frente a la puerta del Ministerio.
Un día, que creo era el noveno día de este ritual, ¡el ministro finalmente apareció! Mi mamá y mi tía Clara me jalaron por el brazo y saliendo del carro, corriendo, se colocaron delante del ministro para contarle su desespero.
Era la época de la dictadura militar, el ministro, un señor de uniforme elegante con botones dorados, era un general o un almirante tal vez. Él al ver la desesperación de las mujeres se detuvo y con la mayor educación, les dijo que pasaran a su escritorio para escuchar con atención su necesidad.
Yo también entré a esa reunión y sentadita en una esquina, escuchaba el discurso emotivo, que mi mamá y mi tía, contaban para esa autoridad.
Cuando la reunión acabó, el ministro, emocionado con el discurso de esas dos amas de casa se levantó, se quedó en silencio por unos instantes y llamando a su secretaria les respondió que no se preocuparan, que el encontraría una solución.
Bueno, la solución llegó y las familias estafadas fueron finalmente atendidas y se les hizo justicia.
La constructora fue intervenida y tuvieron que darles las casas a las primeras familias compradoras (de las cuales nosotros hacíamos parte) y devolverles el dinero a las otras.
Nunca me olvidare de la frase del ministro después de aquel discurso emotivo.
“Sras. No se preocupen, vamos a resolver este problema. A mí me pueden sacar de ministro, pero a ustedes no las van a sacar de sus casas” finalizó.
¡Podem me tirar de ministro! (5) (Micro conto em português)
Fazia duas horas que minha "tia" Clara tinha estacionado seu Fusca na rua, na frente da porta principal do Ministério de Habitação, no centro histórico de Lima.
Estávamos sentadas no interior do carro, minha tia Clara, minha mãe e eu, esperando pelo nono dia consecutivo, a chegada do ministro.
Pouco tempo depois que a minha mãe parou de trabalhar, ela e meu pai usando seu fundo equivalente ao FGTS no Brasil e a poupança conjugal, usaram esse dinheiro como entrada e pagaram a uma construtora para comprar uma casa num bairro novo, próximo da nossa casa alugada.
Não preciso dizer todo o esforço e o trabalho que meus pais junto a outras famílias, como a da minha tia Clara, tiveram que fazer para realizar o sonho de ter a tão almejada “casa própria”.
Acho importante pontuar que infelizmente é comum, que quando há necessidades e ilusões, existam alguns golpistas tentando tirar vantagem da situação... e essa construtora, foi a concreção dessa dolorosa prática imoral.
O dono da construtora era um engenheiro que se fazia de honesto e, aproveitando-se da situação, havia vendido as vinte e duas casas construídas, para 44 famílias.
Quando minha mãe, com a força que a caracterizava, começou a reivindicar seus direitos, ele se preocupou com a liderança dessa senhora e chamando-a junto a meu pai para o escritório dele, lhes fez a proposta de uma casa maior em um bairro melhor, com a simples condição de que parassem de incomodar.
A moral dos meus pais, não permitiu que aceitassem aquela proposta do tal engenheiro e a denúncia dessas irregularidades ao Ministro era o objetivo dessas esperas incessantes do lado de fora da porta do Ministério.
Finalmente um dia, acredito que deve ter sido no nono dia destas sistemáticas esperas, o ministro finalmente apareceu! Minha mãe e minha tia Clara me puxaram pelo braço e colocando-me para fora do carro, correram em direção da entrada do prédio, ficando na frente do ministro com a intenção de manifestar-lhe seu desespero.
Eram tempos da ditadura militar no Perú. O ministro era um senhor que vestia um elegante uniforme com botões dourados. Parecia um general ou um almirante talvez. Diante da insistência das senhoras, ele as escutou e pediu com a maior gentileza que o acompanhassem até seu escritório para tentar atender da melhor forma possível as suas necessidades.
Eu também entrei naquela reunião e, sentada num canto, ouvia o discurso emocionante que minha mãe e a minha tia contavam para aquela autoridade.
Quando a reunião finalmente acabou, o ministro visivelmente emocionado com o discurso dessas duas donas de casa se levantou, ficou em silêncio por alguns minutos e ligando para sua secretária respondeu para elas deixarem de se preocupar, que ele mesmo encontraria uma solução.
Bem, a solução veio e as famílias enganadas foram finalmente atendidas e justiçadas.
A construtora foi acionada na justiça y tiveram que entregar as casas as 22 primeiras famílias compradoras (das quais nós fazíamos parte), e as outras receberiam seu dinheiro de volta.
Nunca esquecerei a frase do ministro depois daquele emocionante discurso.
"Sras. não se preocupem, vamos resolver esse problema! Podem me tirar de ministro, mas não tiraram vocês das suas casas", concluiu.
Comentários
Postar um comentário