El dolor de mi papá…y el dolor por mi papá. (en español y portugués)


Recuerdo ese día como si fuese ayer…

Estaba parada en el velorio, después de un agotador viaje de avión, como en un sueño.  Todos los presentes me abrazaban y lloraban en mi hombro con sincero pesar.

Yo estaba aturdida, con la mente nublada. Mi pena era profunda, pero por estar serena, las personas se me acercaban a mí buscando consuelo.

Pocos se acercaban a consolarme, parecía que sus propios sentimientos no les dejaba ver el ajeno.  

Mi papá era muy querido por los parientes, por los amigos, por los vecinos… y su partida dejaba una pena en el corazón de todos.

Mi relación con él siempre fue especial y continúa siendo, porque él no vive solamente en mis recuerdos sino también en mi corazón.

Siempre supe cuánto me quería y él también sabía cuánto yo lo quería.  Mucho recibían su cariño y su alegría, pero pocos conocíamos el dolor que llevaba en su corazón.

Uno de los recuerdos que tengo grabado en la memoria, es el dialogo que tuve con él, en el hospital, dos meses antes de su partida.

“Él estaba sentado junto a la mesita de su cuarto de hospital.  Yo lo acompañaba sentada en una silla de metal mientras lo miraba con cariño.  Él sentía el cariño de mi mirada y sabiendo que estaba ahí para aprovechar hasta el último segundo de su compañía, me dijo a modo de confesión.

- Hijita, que bueno que estés aquí… no se lo he dicho a nadie, pero espero que me pueda recuperar para poder cuidar a tu mamá… estoy muy preocupado con ella… creo que no está bien…

- ¡Claro papito! – era lo único que le pude responder con los ojos húmedos, al ver enternecida que, sin mirar su propia enfermedad, podía preocuparse con la demencia que mi mamá comenzaba a manifestar.

Yo lo continuaba mirando consciente de lo valioso que era ese momento.  Él iba a comenzar la radioterapia ese día y yo tenía marcado mi pasaje para São Paulo, una semana después.

- Creo que me estoy ganando el cielo… - dijo para finalizar.”


A dor do meu pai... e a dor pelo meu pai. (português)


Lembro-me daquele dia como se fosse ontem...

Eu estava de pé no velório, depois de uma cansativa viagem de avião, como se tivesse um sonho.   Todas as pessoas do lugar me cumprimentavam e choraram no meu ombro com sincera tristeza.

Eu estava atordoada, com a mente embasada.   Minha tristeza era profunda, mas como meu rosto estava sereno, as pessoas se aproximavam até mim a procura de conforto.

Poucos chegaram para me confortar, parecia que seus próprios sentimentos não os deixavam ver a dor alheia.    

Meu pai era uma pessoa boa e por isso era muito querido por parentes, amigos, vizinhos... e sua partida tinha deixado um vazio no coração de todos.  

Minha relação com ele sempre foi especial e continua sendo, porque ele ainda vive na minha memória e no meu coração.

Eu sempre soube quanto ele me amava, e ele também sabia o quanto eu o amava. Muitas das pessoas presentes no velório receberam seu afeto e sua alegria, porem poucas realmente sabiam a dor que ele carregava no seu coração.  

Uma das lembranças que eu tenho gravada nas minhas memórias, é o diálogo que tivemos no hospital, dois meses antes da sua partida.  

"Ele estava sentado na cama ao lado da mesa naquele quarto de hospital.  Eu estava acompanhando-o sentada também em uma cadeira de metal, quando olhei para ele com afeto.   Ele sentiu o carinho no meu olhar e sabendo que eu estava lá para aproveitar cada segundo da sua companhia, ele me disse... a modo de confissão.

- Minha filinha, a minha alegria de que você esteja aqui, é grande... Não contei para ninguém, mas espero poder me recuperar pronto para cuidar de tua mãe... Estou muito preocupado com ela... Parece que ela não está bem ...

- Sim paizinho! – era a única frase que eu consegui responder com meus olhos molhados, admirada que, sem ele olhar para a própria doença ainda conseguia se preocupar com a demência que minha mãe já estava começando a manifestar.

Eu continuava olhando para ele consciente de como aquele momento era valioso.  Ele começaria a radioterapia naquele dia. Eu retornaria a São Paulo uma semana depois.  

- Eu acho que estou ganhando o céu... - ele me disse no final".

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